domingo, 31 de maio de 2009

Fuga

...seus olhos estavam opacos, sua fisionomia já não era mais a mesma.
Colocou mais uma calça, vestiu a bota, abotoou os últimos botões da blusa e antes de sair do quarto envolveu seu pescoço com o cachecol que estava sobre a penteadeira.
Algo o incomodava e a angústia estava acabando com ele. Saiu de casa sem avisar seu destino. Se ele próprio sabia seu destino? Deus sabe.
Enquanto caminhava pela rua, o vento gelado soprava em seu ouvido fragmentos de uma amarga recordação. Ele erguei o capus e o amarrou bem apertado, tentando impedir o vento de estimular seus pensamentos, suas tristes lembranças.
Quando se deu conta, estava no alto da colina, de onde podia ver as luzes da cidade. As ruas ficavam tão bonitas iluminadas que ele poderia se perder por horas observando e traçando as diferenças da cidade entre a noite e o dia. Seus olhos agora apresentavam um certo brilho.
Deitou sobre o que antes deveria ser uma caixa de geladeira ou similar e fitou o céu. Começou a contar estrelas, talvez 60 ou um pouco mais e se perdeu em seus pensamentos.
As pessoas são mesmo engraçadas, pensava. E não era o pensamento do princepezinho que sempre o visitava. Apenas não conseguia entender por que as pessoas criavam situações para poder se afastar de quem se gosta.
Sentiu saudade dela e lembrou que não a tinha mais ao seu lado apenas por um comentário besta, uma brincadeira desnecessária. Ela que era tão importante, hoje não passava de um vazio em sua alma.
E não era só ela que faltava. Mas pensar nisto só lhe faria mal. Há muito ele devia ter enterrado a saudade junto com a caixa de cartas e fotografias que enterrou no quintal da casa verde, onde passara bons momentos, enquanto sonhava que a vida seria para sempre um mundo de seriado de TV.
O mundo é bom, as pessoas são felizes, ninguém fere quem se ama. Ele fechou os olhos e se juntou a sua utopia. Quando sonhos podemos esquecer os defeitos do mundo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Brincando de ser criança

A brincadeira agora mudou de nome. Se antes não viamos a hora de crescer, hoje o que mais queremos é voltar a ser criança e gritar "Mãe!" quando algo der errado, quando o mundo desabar, quando alguém nos melindrar.

Quem dera direção ofensiva voltasse a ser correr com faróis apagados e nossa maior infração fosse passar com nosso carrinho em cima da faixa riscadas na rua com pedaços de tijolos de construção.

Tão bom trabalhar como quiser e quando quiser. Principalmente, sem se importar com quanto vamos receber, já que sabemos que dinheiro é apenas papel. Então pra que valorizar algo tão vil?

Nossas brigas poderiam ser apenas Comandos em Ação duelando com Power Rangers e Cavaleiros do Zoodíaco em batalhas sem nexo e muito menos mocinho ou bandido. Longe da sanguinolência dos novos jogos eletrônicos.

O nosso complexo relacionamento com o sexo oposto se resumiria em trocas de bilhetinhos e passeios de mãos dadas pelos corredores da escola.

Este saudosismo sempre há de pairar quando uma cama elástica cruzar o meu caminho e eu me lembrar que sempre que eu chamar o moleque que há em mim vai aparecer pra brincar de ser criança mais uma vez.

terça-feira, 19 de maio de 2009

"Proferiste a Verdade e Agiste da Maneira Devida?"

Ao passar dos dias mais me pergunto a respeito da vida.. ou melhor, a respeito da intensidade que devemos vive-la.

Intensidade está que se alterada ou abalada por algumas razões que talvez não devessemos levar em conta. Por qual razão estamos aqui realmente?! Para darmos uma passadinha rápida, daquelas que você olha de longe, manda um sorriso amarelo, se aproxima com um abraço e diz:
-"vim aqui só dar uma passadinha, mas estou morrendo de saudades"..
Se estivesse realmente com saudades você, sim, sentaria, pediria uma cerveja, comeria a porção na mesa, daria risada, mataria a saudade.

Tenho impressão, às vezes, que muitas pessoas dizem que estão vivendo da mesma maneira que dizem estar "morrendo de saudades", chegam na vida e não tomam a cervejinha, não comem a porção.. dão apenas aquela passadinha..

Mais que um disperdício sinto que isso é um ultraje a importância que a vida, nossa única vida tem.
Estranho né, temos a possibilidade de viver a NOSSA vida e ao invés de vivê-la com intensidade nos atentamos tanto em viver a vida dos OUTROS!?

Mas tudo bem.. voltando a parte de vivermos com intensidade..
Não sei se eu sou realmente o problema, sou contra tudo e todos, procuro defeitos e critico tudo mas se você está em um lugar com a única obrigação se exerce uma função, por que não exerce-la da melhor maneira?! Não para que os outros vejam, não para que os outros digam, não para que você seja lembrado, elogiado ou algo do tipo mas simplesmente por fazer bem feito, fazer o que precisa ser feito!

Essa ausência de "querer viver" traz prejuízos muito grandes para todos.. quando a maioria não tem vontade de viver intensamente, quer dar aquela mera "passadinha", faz com que outras pessoas deixem de acreditar no sonho, deixem de acreditar que viver é possível, que podemos realmente chegar aonde quer que a gente queira chegar.

É triste mas é mais que certo que o Planeta Terra nunca terá seu coração pulsando à todo vapor e que nunca deixaremos de ser pequenos e insignificantes..

Talvez até devessemos ser egoístas mesmo! Pensar mais em nós e fazermos só a nossa parte (bem feita, sim senhor!) mas para quê? Para quem? Por qual razão?
Para sermos um mero beija-flor em meio ao incendio devastador?
Ou sejamos Aquele pequeno Beija-flor, que mesmo pequeno e mesmo sozinho, com algumas palavras fez todos pensarem, refletirem e acreditar que são capazes de apagar o fogo que queima e destrói suas vidas.

E você?
Pode ser chamado de Beija-flor?
Pode ser chamado de "Vivedor"?
ou vai deixar o incendio se alastrar?
Destruir seu futuro, sua família e, até mesmo, o futuro de sua família?

Bem.. eu vou pedir uma cervejinha, uma porção e ficar aqui esperando quem quiser viver, e matar a saudade de verdade, se sentar.. puxa uma cadeira ai!

;D~

domingo, 17 de maio de 2009

Estou Feliz pelo convite!

Há algum tempo que meus amigos falam a respeito de blog e tudo mais.. nunca me interessei muito e até em determinados momentos critiquei os blogs.. porém acredito que existe algo de muito interessante em blogs.

Não só uma forma de expressar idéias, falar sobre o dia-a-dia, desabafar sobre aquilo que nos indigna o blog é uma maneira de deixar marcado quem somos, o que pensamos e o que queremos para e em nossas vidas.

Diz um velho ditado que "todo homem deve plantar uma arvore, ter um filho e escrever um livro".

E qual seria o sentido de escrever um livro?!
Talvez nada mais do que deixar seu nome escrito na história, expressar idéias de forma a poder, quiçá, influenciar alguém, agregar valores à vida de outras pessoas.
A verdade é que não sabemos o porque de estarmos aqui mas acho que ninguém tem a intenção de simplesmente estar nesse mundo "só de passagem".

Talvez pareça exagero mas tornando pública nossas opiniões e idéias, deixando o coração ou a razão falar pode ser um dos passos para conquistar e marcar nosso nome no tempo..

Quero agradecer o convite de um amigo, que me chamou para fazer parte deste blog!

Espero corresponder ao que escrevi aqui. E gostaria que vocês pensassem nisso também..


Uma Boa Noite!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Escola da vida

Ando sem tempo, então vou ser o mais breve possível.
Mais uma vez falando sobre amizade, começo citando a frase muito usada por uma grande amiga: "A vida nada mais é que uma grande roda-gigante onde a cada volta nos deparamos com as mesmas situações, embora nem sempre estejamos sentados nos mesmos lugares e nem com as mesmas pessoas!".
Eu vou um pouco mais além. Realmente acredito que os nossos relacionamentos sejam graduações para a nossa vida. E cada pessoa que por ela passa seja um professor.Quando pequenos aprendemos a brincar, a lutar pelo que achamos ser nossos, abraçar depois de uma briga, que carinho resolve tudo.
Conforme crescemos, nossos professores nos ensinam a importância das amizades e que ninguém nasceu pra viver só.
Ainda na adolescência eles nos ensinam a ganhar e perder de cabeça erguida, pois sempre teremos quem nos dê apoio. Ensinam também que ninguém é perfeito e que quem amamos também nos faz sofrer.
É nessa fase que conhecemos os professores mais importantes, os que ensinarão o que nenhum adulto quer que saibamos nesta idade.
E é na adolescência que perdemos a maior parte dos nossos professores, as disciplinas mudam e quando vemos estamos num outro circulo de amizades, vivendo novas situações. Isso não quer dizer que perdemos um amigo.
Não adianta insistir. Se alguém deixou de fazer parte da tua vida é porque já te ensinou o que precisava naquele momento, mas certamente voltará a tua vida quando tiver mais a aprender com esta pessoa. Principalmente quando você passar para o ensino superior.
Alguns entram antes, outros depois. E o melhor é que não precisa de vestibular. Os temas das aulas são mais complicados, delicados, cheio de siglas e interpretações finas. E é aí que precisamos escolher os melhores professores, pois deles dependerá nossa bagagem pra toda vida.
Afinal, são eles que formam quem nos tornamos.