sábado, 28 de junho de 2008

Faz tão bem...

Esta semana, durante uma aula, uma aluna disse me conhecer desde quando eu nasci e que era muito amiga da minha mãe. Perguntou por ela, por minha irmã e acalmou meu coração que estava tão agiado naquela manhã.
Ela me disse que lembrava que minha mãe tomava banho comigo no colo, abraçadinhos. Imediatamente pensei na minha fiha, que só tomava banho no chuveiro abraçadinha quando bebê. Claro que perguntei se era por isso.
A resposta foi "Não, ela dizia que gostava de tomar banho assim contigo. Trazia conforto a ela". E foi então que suspirei.
Vejo meu pai com minha filha e não consigo deixar de me perguntar se quando eu era pequeno ele também ficava tão besta e brincava de roda às duas da manhã se eu não estivesse com sono. Eu arrancava tantos sorrisos também?
Amamos e nos sentimos tão bem sabendo que somos amados. Então por que não demonstrar carinho por aqueles que amamos?
Eu amo, eu sinto saudade e embora sinta necessidade de dizer, às vezes o que falta é coragem.
Chegou a hora de perder o medo. O amor nos faz tão bem.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Eu aprendi...

Eu aprendi que não são os primeiros:
primeiro beijo, primeiro amor, primeiro namorado...
que são os mais importantes.
Os mais importantes são os mais especiais.
O beijo mais perfeito, o cara mais legal, a sensação mais gostosa.
Aprendi que o que mais importa não é a duração de alguma coisa, mas a intensidade com que acontece.
(Você pode passar anos com uma pessoa e sentir algo especial em um só dia – com outra pessoa – e esse dia, sim, ser especial).
Aprendi que não importa quem fomos ou o que aconteceu ontem.
O que importa é o momento agora.
Aprendi que por mais que passe o tempo e que até vivenciemos algumas coisas na prática, podemos simplesmente não entendê-las.
Aprendi que não adianta você ser “perfeito”: ninguém te ama mais ou menos por isso.
Aprendi que o que nos faz melhores ou piores é nossa felicidade, o jeito como superamos obstáculos, e não uma coisa ou outra qualquer.
Aprendi ainda que a medida que diz se estamos melhores ou não, é a comparação com nós mesmos, e não com os outros.
Aprendi que quem ganha uma briga é quem tem mais amor, e não quem tem mais ódio.
Aprendi que a vida só é vida quando nós amamos à nós mesmos verdadeiramente – com nossos defeitos e qualidades, sem máscaras – porque só assim podemos fazer o que Ele nos ensinou:
“Amai a teu próximo como a ti mesmo”

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Canção Para Amigos - Dead Fish

As vezes penso que foi tudo em vão
Parei pra pensar tantos anos depois
Se lembra quando éramos mais jovens
E tudo parecia ser mais fácil

Acho que crescemos demais
Aconteceu o que temiamos
Não vamos mais nos entender
Se foi a natureza ou o sistema só o tempo, dirá

Vou seguir meu caminho
Lutar pelo o que insisto em acreditar
Vou tentar entender os seus
Desculpe dizer isso mas parece que você se vendeu

Mas que te traga paz
Leveza e força pra continuar
A vida é mesmo estranha
Nada é mais para sempre

Espero um dia poder sentar ao seu lado
E gordos e conformados podemos rir
Que nossos questionamentos não tenham sido em vão
Espero que algo tenha mudado até, então

Somos adultos demais
Caminhos opostos individuais
Tempo de crise e muita confusão
Queria lutar junto com você mas parece que não

Se canto esta canção
É porque ainda tenho fé
Mas meu sorriso é tão forçado
É porque não estou em paz nem ao seu lado

Se não sentirmos nada
Devemos tentar viver
E se o sistema nos separou
Tentar nos entender

E continuar a acreditar
Que o melhor é dialogar
Mesmo de longe te evitando
Te considero um irmão
Se tenho dúvidas demais
Por isso escrevo esta canção

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Saudade...

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar, mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...

Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.

Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.

Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você.... e assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.

Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça... venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga; minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.

E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre; mas chegava sempre uma hora de tristeza. Tenho que ir, ele dizia. Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar.....
Eu também terei saudades, dizia o pássaro. Eu também vou chorar.

Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... e o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar.

Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.
Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz. Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.

Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu.

Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro. Ah! Menina... Que é que você fez?

Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias....
Sem a saudade, o amor irá embora... a menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu...

O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio, deixou de cantar.

Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo... Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.

Pode ir, pássaro, volte quando quiser...

Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito.
Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar... e partiu. Voou que voou para lugares distantes.

A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia. Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo... E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos... Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje...

Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro.
Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.
AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama... e foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento. Quem sabe ele voltará amanhã.... E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro. [Rubens Alves]