sábado, 29 de agosto de 2009

O que o tempo faz com a gente?

O melhor ano da minha vida acabou no mesmo instante em que começou pra mim uma vida totalmente nova. Os meus últimos momentos com os meus amigos. Últimos momentos conscientes, porque eu sabia e eles sabiam que teria um fim. E o fim não era necessariamente a minha partida, porque no fim das contas... No fim das contas todo mundo acabou mudando, todo mundo acabou crescendo. E às vezes penso que tudo aconteceu cedo demais.
Quando eu tinha meus amigos, eu tinha tudo. TUDO. Não sentia falta de amor. Não queria um namorado. Eu queria somente a companhia deles. Eu queria que a gente se visse todos os dias, mesmo que não tivesse absolutamente nada pra fazer. Eu queria ir a pé sozinha até o Condo pra conversar de madrugada. Eu queria jogar truco no posto quando todas as outras opções acabavam. Eu queria tudo, e eu tinha tudo. Todos os meus espaços eram preenchidos, não existia vazio. Eu queria que essa felicidade durasse pra sempre.
Até que ponto podemos amar os nossos amigos? Eu não sei exatamente como essas coisas acontecem, mas quando a gente se dà conta, a gente AMA. E ama tanto. E ama cada minuto e cada defeito. E cada briga. E cada silencio. A gente ama até os momentos ruins, porque amar significa exatamente isso. Estar sempre ali, mesmo que as coisas não estejam muito bem.
Eu passei a amar profundamente os meus amigos quando senti o primeiro aperto no peito, quando imaginei pela primeira vez o que seria da minha vida sem eles. E aqueles meses de espera foram os meses que eu mais amei, em toda a minha vida.
Porque eu sabia que quando dizem "viver cada dia como se fosse o ultimo" queria dizer exatamente fazer o que estávamos fazendo. Vivendo. E o principal, vivendo com INTENSIDADE, palavra que sempre moveu nosso relacionamento.
Hoje em dia eu vejo, muita gente se esqueceu. E a distância é literalmente assim, distancia as pessoas. Mas alguém pixou em um muro: "A distância é como o vento, apaga as chamas pequenas, mas fortifica aquelas profundas". E é bem isso.
Hoje amizade é "Nossa, preciso contar isso pro Tan", ou "Queria que a Carla visse isso", entre tantas outras pessoas e pensamentos que me vem à mente todos os dias. Hoje eu tenho um amor, mas não tenho mais tudo.
Porque todos os dias, e com grande aperto no peito, me falta a nossa intensidade, a nossa cumplicidade, a troca de olhares, os abraços, aqueles momentos em que a gente ria e pensava: "Caramba, como eu sou feliz".
Pela primeira vez não posso dizer que eu era feliz e não sabia. Porque eu sabia que eu era feliz, eu sabia que eu era infinitamente feliz.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Parece que foi ontem



Estava chegando do trabalho e há meio quarteirão pude notar uma aglomeração embaixo do prédio. Quando me aproximava vi que meu vizinho (que devia ter os seus 4 ou 5 anos quando eu tinha a sua idade) estava conversando com os seus amigos. Uma das meninas pediu para ele subir e pegar água.

Posso dizer que era tudo o que faltava pra remeter há uma época boa que não faz tanto tempo, mas também não foi ontem.

Lá se foi o tempo em que saiamos de prédio em prédio tocando os interfones toda quinta-feira pela manhã para ir à feira comer pastel. Éramos quase vinte. Foi nessa época que começamos a nos juntar no quiosque do condomínio para ensaiar passinhos de axé (o passado a gente não pode esconder), jogar baralho e contar piada.

As nossas noites na pracinha não eram muito diferentes. Passamos de prédio em prédio até todos estarmos sentados nos bancos à toa, apenas desfrutando da companhia uns dos outros, sem saber que nos preparávamos para quando a proximidade não fosse mais possível. E acreditem: eu podia acreditar que este dia não iria chegar.

Faculdade, trabalho, mudanças, namoro, filhos, família, dentre muitos outros fatores que todos sabem ser responsáveis por este distanciamento. O peso dos anos. O peso das responsabilidades.

Hoje da minha janela posso ver a pracinha vazia, porém cheia de histórias. O palco de grande parte dos meus conflitos juvenis hoje serve como guardião dos segredos de novos personagens. Assim como fora com aqueles que eram as fugirinhas locais na época em que eu era apenas um moleque.

Isso sem contar em tempos de mIRC, Malhação, Lazarentos e outras histórias, que renderiam muitos e muitos outros posts.

Mas escrevo pra dizer que naquela noite tive um único desejo: Pedir para que eles aproveitassem ao máximo, pois a gente nunca sabe até quando vai durar.